domingo, 19 de junho de 2011

OPINIÃO: Os Limpantes: Do Hades ao Olimpo

Por Hermes Ribeiro
Então que, pelo aniversário da cidade, a ONG Ribeirão em Cena dava seu presente pelos 155 anos: uma apresentação do número “Os Limpantes” no Paqrue Maurílio Biagi.
Para os entendidos, tratava-se de Clowns; para os novatos, palhaços praticamente mudos e devidamente caracterizados. Todos de uniforme de limpeza, alguns munidos de vassoura, outro com balde e, outro com banquinho, um com telefone (!) e todos com seus trejeitos caricatos.
Ainda pela manhã, simultaneamente ao espetáculo, havia um passeio ciclístico, que tinha, além de muitas pessoas a pedalar, um trenzinho com apresentador e caixa de som. O apresentador anunciava um sorteio.
Um sorteio e inúmeros prêmios.
Aros de alumínio, rodas e pneus de bicicletas, dentre outros itens da prática desportiva daqueles camaradas.
A atenção era toda pra ele.
E a desatenção toda por conta de uma das organizadoras do evento, uma senhora, que
não disponibilzou nenhuma cadeira - tendo proibido, inclusive, o uso tanto da de cima, quanto da de baixo, que se empilhavam, vazias na guarita da Guarda Municipal - para a diretora do elenco,grávida já em seu sexto mês.
A persuasão dos recursos de alto falantes potentes, premiação com brindes, carro de som, fazia com que apenas um curioso ou outro atentassem à presença da tropa da limpeza.
Mas, mesmo em condições adversas, discípulos de Dionísio sabem conduzir bem seu veículo muito bem. Principalmente quando estão em grupo.
Foi, então, deste ponto em diante que a história valeu a pena para a ONG: os palhaços interagiram com o público, conquistando primeiro sua atenção e, depois o carisma, que se percebeu nos sorrisos, nas risadas, nas fotos - de longe, ou mesmo posadas junto ao elenco - nos abraços das crianças mais novas e, inclusive no choro de um menino mais assustado.
No final da manhã, o Sol brilhava forte, como de costume desta terra. Anunciava a chegada da tarde, meio-dia, hora de almoçar. Hora de se comer o pão de cada dia, de se energizar até à noite. Porque, com a chegada das luzes primeira lua cheia do inverno, abria-se o portal mágico para estes mesmos limpantes.
Era, esse lugar encantado, o Teatro de Arena Jaime Zeiger. Lá, público e pessoal da organização recebia com braços abertos e entusiasmo o trabalho do Ribierão em Cena.
Desta vez, Gracyela Gitirana, que dirige o elenco, não só esteve bem acomodada, como também contou com suporte técnico eficaz de última hora, enquanto seus dispositivos de áudio repetiam-se em falhar.
Nessa cidade, gregos e troianos se revezam em eventos culturais. “Não se pode agradar a todos”, mas, em uma época que se vive o “Dai a César o que é de César...” os deuses do teatro abençoam e agradecem iniciativas como a do Movimento Pró-Arena.

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