terça-feira, 30 de junho de 2009

QUINTA-FEIRA COM EXPERIMENTAÇÕES EM DANÇA CONTEMPORÃNEA NO SANTELISAVALE




A Mostra Permanente de Experimentações em Dança Contemporânea, projeto de incentivo a dança realizado pela ONG Ribeirão Em Cena, recebe nesta quinta-feira (02/07) três espetáculos. “Coração Terra que ninguém vê”, do coreógrafo Carlos Fonseca, e os solos “Vagamundo”, com a bailarina Denise Matta e “Das Imagens”, do bailarino Edson Fernandes, no Espaço Cultural SantelisaVale.


Inspirada na obra de Cora Coralina, o trio da Rose Ballet School formado pelas bailarinas Márcia Delmondes, Thais Rocha e Carol Beatriz ficou em primeiro lugar no XII Litoral Dance Festival, em São Sebastião. A coreografia é resultado de uma pesquisa acerca do universo feminino, que trabalha com a delicadeza e singeleza dos movimentos.


A professora e bailarina da “Faces Ocultas Cia de Dança de Salto” Denise Matta apresenta o solo Vagamundo. A coreografia debate os sentimentos das pessoas, a busca pela liberdade, a imposição da mídia, a fome de revolta e a fome a nossa volta.


Na apresentação solo de Edson Fernandes, a coreografia aborda um questionamento sobre as imagens criadas em nossas memórias e que prevalecem em nossos corações. Imagens que valem muitas palavras, mas que algumas vezes nunca foram ditas.


Mostra Permanente de Experimentações em Dança Contemporânea Inspirado no projeto “Quinta com Dança”, do Centro Dragão do Mar de Fortaleza-CE, a abertura da Mostra atraiu um público de 150 pessoas, que lotaram o Espaço Cultural SantelisaVale para assistir a Cia. DiTirambo, de Araraquara.


Na primeira quinta-feira de cada mês, o palco recebe companhias ou solos em coreografias com duração máxima de 30 minutos. Todas as apresentações serão seguidas por debates entre elenco e público. Para a realização da Mostra, foi criado um conselho gestor de qualidade, formado por profissionais com notória competência na área. Esse conselho é responsável pela seleção dos grupos interessados em participar. Para se inscrever, os grupos devem enviar um vídeo com a coreografia a ser apresentada, currículo dos bailarinos e coreógrafo, além do histórico do espetáculo e das pesquisas desenvolvidas. Após a seleção, será criada uma agenda com data e horário das apresentações.


O edital para inscrições está disponível no site da ONG Ribeirão Em Cena: http://www.ribeiraoemcena.org.br/mostradanca.htm


Serviço:

Mostra de Experimentações em Dança Contemporânea
Data: 02/07 (quinta-feira), às 21h
Ingressos: R$10 e R$5
Local: Espaço Cultural SantelisaVale
Classificação livre “Coração Terra que ninguém vê”
Coreógrafo: Carlos Fonseca
Intérpretes: Márcia Delmondes, Thais Rocha e Denise Matta

“Vagamundo”
Coreógrafa e intérprete: Denise Matta
Colaboração artística: Bruno Gregório, Edson Fernandes, Júnior Guimarães e Marta Menta
Poemas e Músicas: Roni Reis e Banda Licença Poética

“Das Imagens”
Coreógrafo e intérprete: Edson Fernandes
Direção: Fernanda Monteiro
Música: Peace Piece
Compositor: Bil Evans

AULAS ABERTAS NO RIBEIRÃO EM CENA ENCERRAM SEMESTRE DE OFICINAS CÊNICAS




Os bolsistas da ONG Ribeirão Em Cena apresentam nesta semana, entre os dias 29/06 e 02/07, aulas abertas ao público com o conteúdo trabalhado durante os seis primeiros meses do Curso de Iniciação ao Teatro de 2009.

Os grupos da manhã, tarde e noite vão se revezar nos palcos do Espaço Cênico Débora Duboc e do Espaço Cultural SantelisaVale (confira programação abaixo), juntamente com os professores de canto, interpretação, técnica vocal, cenografia, dança, coral e expressão corporal.

Ao final das apresentações, o público poderá conversar com os atores sobre o processo de criação e montagem durante o curso, e discutir sobre o conteúdo aplicado ao teatro. No segundo semestre, os bolsistas montam uma peça a ser apresentada na Mostra Ribeirão Em Cena de Teatro.


Programação:
29/06


- 09h (SantelisaVale) apresentação de expressão corporal com Renato Ferreira – turma manhã – trabalho inspirado no texto de Luiz Gonzaga, “Guerreiro Menino”;
- 16h (Débora Duboc) apresentações de cenas trabalhadas com os professores Júlio Avanci e Gracyela Gitirana – turma tarde – a partir de notícias de jornais, atores montaram cenas do nosso cotidiano;
- 19h30 (Espaço Cultural SantelisaVale) apresentação da atividade de expressão corporal baseada no texto Água Viva, de Clarice Lispector, com direção do professor Renato Ferreira;
- 21h (Débora Duboc) atividade de técnica vocal com a professora Fabiana Fonseca – turma noite;

30/06
- 10h (Débora Duboc) apresentações das cenas com os professores Júlio Avanci e Gracyela Gitirana – turma manhã – a partir de notícias de jornais, atores montaram cenas do nosso cotidiano;
- 14h (SantelisaVale) apresentação da atividade de expressão corporal inspirado no texto Deus Negro, de Neimar de Barros, com direção do professor Renato Ferreira;
- 16h (Débora Duboc) atividade de técnica vocal com a professora Fabiana Fonseca – turma tarde;
- 19h30 (SantelisaVale) Aulão de canto coral com todas as turmas do professor Diego Nóbrega. Exibição do filme Chorus Line, drama musical que acompanha as experiências de esforço, lágrimas e alegrias vividas pelos participantes de um disputado processo de seleção para um musical da Broadway. Com Michael Douglas no papel principal, o filme recebeu duas nomeações para o Oscar® para Melhor Canção Original e Melhor Montagem (1985).

01/07
- 21h (SantelisaVale) apresentação das cenas com os professores Júlio Avanci e Gracyela Gitirana – turma noite – a partir de notícias de jornais, atores montaram cenas do nosso cotidiano;

02/07
- 8h30 – Aulão de dança com a professor Márcia Delmondes, que recentemente ganhou o prêmio de melhor intérprete do Litoral Dance Festival, realizado em São Sebastião do Paraíso – turma manhã;
- 14h – Aulão de dança com a professor Márcia Delmondes, que recentemente ganhou o prêmio de melhor intérprete do Litoral Dance Festival, realizado em São Sebastião do Paraíso – turma manhã;
- 19h30 – Sarau de encerramento com a professora Fabiana Fonseca no Espaço Cênico Débora Duboc;

sexta-feira, 26 de junho de 2009

Fotos do Aulão

Os bolsistas da ONG Ribeirão Em Cena participaram de uma série de atividades no último sábado (21), que contou com a participação dos professores José Maurício Cagno, Gracyela Gitirana, Júlio Avanci, Fabiana Fonseca, Renato Ferreira, Márcia Delmondes e Diego Nóbrega. Confira as fotos em nosso álbum!


segunda-feira, 22 de junho de 2009

Ex-aluna do Ribeirão Em Cena vive um dos papéis principais no Teatro Popular do Sesi

foto: Lenise Pinheiro/UOL


A atriz ribeirãopretana Carolina Capacle, que iniciou a carreira nas oficinas da ONG Ribeirão Em Cena, vive um dos principais papéis em “O Colecionador de Crepúsculos”, em cartaz no Teatro Popular do Sesi - São Paulo. No espetáculo dirigido por Vladimir Capella (Prêmio Molière, Prêmio APCA, Prêmio Mambembe, Prêmio Governador do Estado e Prêmio Apetesp – Associação dos Produtores de Espetáculos Teatrais do Estado de São Paulo), Carolina Capacle divide o palco com atores renomados do teatro brasileiro como Selma Egrei, Luiz Damaceno, Guilherme Sant´Anna e elenco, que reúne mais 20 atores.

“O Colecionador de Crepúsculos” é destinada ao público jovem é baseada nos contos de Luís da Câmara Cascudo, considerado um dos homens mais importantes do século para a cultura popular brasileira e revela as raízes do Brasil para as crianças e adolescentes por meio de lendas e histórias de seu povo. Religião, crenças, costumes, mitos, tradições e aspectos característicos da gente brasileira são mostrados por meio de contos recolhidos do famoso historiador, folclorista, antropólogo, advogado, jornalista e autor de mais de 150 livros. História e memória, amor e separação, solidão e velhice, vida e morte e o papel da arte são alguns dos temas discutidos na peça. Capella levou em conta um dos passatempos preferidos do autor potiguar, apreciar o entardecer, para intitular o espetáculo “O Colecionador de Crepúsculos”, que reproduz alguns contos: O Compadre da Morte, A Velha Amorosa, O Marido da Mãe D´Água, A Menina Enterrada Viva e A Formiguinha e a Neve.

Para fazer parte do grupo de Capella, a atriz passou por uma seleção de currículos e outras duas entrevistas, uma delas, bastante difícil. “Eles procuravam atores e atrizes que soubessem cantar ou tocar algum instrumento. Participei de um coral durante cinco anos em Ribeirão Preto e acho que gostaram do meu trabalho”, disse Capacle.

“Abriu a minha janela para o mundo”
Aos 16 anos, a então estudante Carolina Capacle pouco conhecia sobre teatro até entrar no Ribeirão Em Cena. “Comecei a estudar teatro, fui apresentada aos livros de Stanislavski e me apaixonei por Nelson Rodrigues, que amo até hoje. Sem o Ribeirão Em Cena, não sei dizer onde eu estaria hoje. A ONG abriu a minha janela para o mundo”, afirmou Capacle.

A atriz integrou a primeira turma do Ribeirão Em Cena e, dirigida por Gilson Filho, deu vida a Glorinha, papel principal de “O Óbvio Ululante” (adaptação de Perdo-a-me Por Me Traíres, de Nelson Rodrigues), espetáculo que permaneceu em cartaz durante seis meses no Espaço Cultural SantelisaVale.

Foi também interpretando “Glorinha” que Carlolina Capacle foi aprovada no vestibular para a Faculdade de Artes Cênicas da Unicamp, onde a atriz formou-se em 2006. “Antes de entrar no Ribeirão Em Cena eu nem sabia que existia uma faculdade de Artes Cênicas”, disse.

São Paulo
A ONG Ribeirão Em Cena está organizando uma viagem a São Paulo para assistir ao espetáculo “O Colecionador de Crepúsculos”. Os interessados devem entrar em contato com pelo telefone 3610-7770. A peça está em cartaz aos sábados e domingos (de 25/04 à 05/07), às 16h, no Teatro Sesi (Av. Paulista). A entrada é gratuita. Mais informações: http://www.sesisp.org.br/home/2006/centrocultural/Prog_teatro_Crepusculo.asp

segunda-feira, 15 de junho de 2009

ESPETÁCULO DE GUARNIERI RETORNA AO TEATRO MUNICIPAL NESTA TERÇA-FEIRA



A Cia. Nuvem da Noite retorna ao Teatro Municipal de Ribeirão Preto no próximo dia 16 de junho, às 20h30, com o espetáculo “Um Grito Parado no Ar”, de Gianfrancesco Guarnieri. A apresentação, aberta ao público, faz parte das comemorações dos 153 anos da cidade.

A peça gira em torno de um grupo de teatro em processo de trabalho e que enfrentam dificuldades dentro e fora dos palcos. Nesta situação, o espectador assiste a montagem de um espetáculo e como funciona o processo de criação do ator quando a mística do teatro é desnudada.

Para aumentar a tensão, credores intervêm a todo o momento retirando equipamentos e serviços prestados a companhia. Quando despojados de tudo, resta ao grupo de artistas somente um uníssono grito final, símbolo da luta, mas também da sobrevivência frente à opressão reinante.

Em cartaz desde 2007, a montagem com a Cia. Nuvem da Noite e direção de Gilson Filho é sucesso de público e crítica. Em 2009, o elenco, formado por Camila Deleigo, Joubert de Oliveira, Matheus Guerardi, Nane Silva, Neusa Maria de Souza e Roberto Edson, participou do Festival Internacional de Curitiba (FRINGE) e da 23ª Mostra de Teatro de Sertãozinho, além de apresentações no Espaço Cultural SantelisaVale e no próprio Municipal.

Os ingressos podem ser retirados no Espaço Cultural SantelisaVale (Rua Lafaiete, 1084 – Centro). Para mais informações, o telefone é 3610-7770.

terça-feira, 9 de junho de 2009

“Privatização de 67 mi de hectares da Amazônia equivale ao patrimônio de quase quatro Bancos do Brasil”, alerta Marina Silva


A senadora Marina Silva (PT-AC) viveu na semana passada um dos momentos mais tristes da vida dela, quando o plenário do Senado aprovou a Medida Provisória 458 sobre a regularização fundiária das ocupações incidentes em terras situadas em áreas da União. Ferida, a ex-ministra do Meio Ambiente se entocou no Acre, conforme afirmou, para lamber as feridas e reforçar uma campanha para que o presidente Lula vete artigos da MP que permitem a utilização indevida de terras públicas.

- Quando se fere uma jaguatirica, ela entra na sua toca para lamber as feridas. É o que fiz vindo para o Acre no Dia Internacional do Meio Ambiente - afirma a senadora em entrevista exclusiva ao Blog da Amazônia.

Ela não escondeu uma certa mágoa quando numa recente vigília no Senado em defesa da Amazônia, a senadora Kátia Abreu (DEM-TO) olhou para ela da tribuna e anunciou que o presidente Lula havia pedido para ajudá-lo a resolver o problema da regularização fundiária no Brasil.

- Já que eu não pude ajudá-lo nesse processo, quero pedir humildemente para que ele me ajude vetando os artigos que é possível vetar - apela resignada.

De acordo com Marina Silva, considerando-se apenas o valor da terra nua, os 67 milhões de hectares que serão privatizados equivalem a R$ 70 bilhões. Mini e pequenos produtores, com até 400 hectares, são 81,1 % do total de posseiros, que ficarão com 7,8 milhões de hectares e receberão patrimônio público no valor de R$ 8 bilhões.

Ainda de acordo com a ex-ministra do Meio Ambiente, médios produtores, com áreas de 400 a 1,5 mil hectares, são 12% do total, que ficarão com 8 milhões de hectares e receberão um patrimônio público no valor de R$ 8 bilhões. Os grandes produtores, com áreas acima de 1,5 mil hectares, são 6,9% do total e ficarão com 49 milhões de hectares, sendo premiados com um patrimônio público avaliado em R$ 54 bilhões.

- O patrimônio do Banco do Brasil é de R$ 18,4 bilhões. A privatização de 67 milhões de hectares da Amazônia equivale a distribuir o patrimônio público correspondente a quase quatro Bancos do Brasil. Esses 67 milhões de hectares correspondem às áreas da França e da Itália ou à área territorial dos estados de Minas Gerais e Santa Catarina juntos. Corresponde, ainda, à área de quatro estados do tamanho do Acre. O grave é que se pensou a vistoria dessa imensa área baseada apenas no critério de auto-declaração, isto é, qualquer um pode dizer: “Esta posse é minha e eu tenho direito sobre ela”.

Marina Silva disse que o presidente Lula viverá mais que um dilema nesta semana, quando esgota o prazo para sancionar ou vetar a MP 458: terá a oportunidade histórica de reparar um erro grave, ainda que seja um reparo parcial.

Leia os principais trechos da entrevista:
Blog da Amazônia - Por que preferiu o Acre no Dia Internacional do Meio Ambiente?
Marina Silva - Foi uma escolha muito acertada, para acompanhar a criação da estrutura do ICMS Verde pelo governador Binho Marques. É uma iniciativa que combina os aspectos sociais e ambientais quando estabelece foco em saúde e educação. É apenas crescimento e não desenvolvimento qualquer iniciativa que não signifique melhoria da saúde e da educação. Quando o Acre estabelece que os prefeitos a serem beneficiados terão que fazer os processos de certificação, que está no âmbito dos programas de valorização dos ativos ambientais, isto é muito bom.

A senhora se controlou várias vezes para não chorar, mas não escondeu a insatisfação com os rumos da política ambiental brasileira.
Ando insatisfeita com fatos como o que foi constatado em Santa Catarina, que fez um Código Florestal inconstitucional no Estado que mais destruiu Mata Atlântica, que teve mais catástrofes ambientais e agora serve de modelo para desconstituir o Código Florestal Brasileiro. No Acre, o que está sendo feito é um arranjo responsável.

A senhora é mesmo uma jaguatirica, conforme se declarou?
Quando se fere uma jaguatirica, ela entra na sua toca para lamber as feridas. É o que fiz vindo para o Acre no Dia Internacional do Meio Ambiente. Eu tive três momentos muito tristes na minha vida. Um foi quando, aos 14 anos de idade, perdi duas irmãs num intervalo de 15 dias, perdi meu tio, que era o melhor mateiro do seringal Bagaço. Ele era um xamã. Foi criado pelos índios do Madeira, em Rondônia, desde os 12 anos de idade, até os 30 anos de idade, quando um dia ele apareceu na casa do meu pai. Ele nunca se casou. Ele era mesmo o melhor mateiro do seringal Bagaço. Podia soltar ele em qualquer lugar da floresta que ele voltava pra casa. E meu tio dizia que eu era a sua herdeira. E eu tinha muito medo de ser herdeira dele porque ele fazia um ritual de ficar, a cada sete anos, 40 dias isolado na mata, sem nada. E quando ele voltava para casa estava muito magro e as pessoas diziam que ele se tornava invisível no mato. Eu tinha muito medo dessa herança e pedia pra Deus: “Meu Deus, eu não quero ser herdeira do tio Pedro Mendes”. Eu era pequenininha quando ele veio com esse papo para mim e eu pensava: “A onça vai me comer, não tenho como ficar 40 dias dormindo sozinha, sem nada, dentro da mata a cada sete anos”. Ele morreu 15 dias antes de minha mãe morrer, que morreu seis meses depois de minhas irmãs. Esses foram os momentos mais tristes de minha vida. Depois veio o assassinato de Chico Mendes. Foi um momento muito triste também. O terceiro momento mais triste foi quando aprovaram a Medida Provisória 458. Quando subi naquela tribuna, fiz um esforço muito grande pra não chorar. Deus me ajudou e eu consegui.

Por quê?
Porque eu vi esforço de tantos anos e comecei a pensar no que significou o nosso presidente Lula ter sido enquadrado na Lei de Segurança Nacional por causa do assassinato, no Acre, do Wilson Pinheiro, que presidia o Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Brasiléia. Porque eu fiquei pensando no que significou as lágrimas do presidente Lula no enterro de Chico Mendes, misturadas com a forte chuva que caía naquele dia em Xapuri. Porque fiquei pensando no assassinato do padre Josimo, de irmã Dorothy Stang. Porque fiquei pensando o que significa a luta de abnegados procuradores da República, juízes que a todo o tempo eu recebo informações de que não podem ficar sequer na varanda de suas casas porque estão ameaçados de morte. Porque pensei no significado das lutas das lideranças rurais, de sindicalistas, diante do que foi aprovado pelo plenário do Senado. O projeto de regularização fundiária, como disse o ex-governador acreano Jorge Viana, já é um problema em si, mas a forma como ele foi encaminhado para o Congresso Nacional era bem mais problemática. Se fosse para resolver o problema dos pequenos, como está sendo dito, bastava que se fizesse um corte de quatro módulos fiscais ou 400 hectares, o que corresponde a 88% das propriedades e ocuparia uma área de 67 milhões de hectares de apenas 11,5%. Com a ampliação, até 1,5 mil hectares, nós vamos fazer uma anomalia: os 88% de pequenos produtores ficarão com 11% desses 67 milhões de hectares.

A senhora pode explicar melhor esses números?
Considerando apenas o valor da terra nua, esses 67 milhões de hectares valem cerca de R$ 70 bilhões. Mini e pequenos produtores, com até 400 hectares, são 81,1 % do total de posseiros. Ele ficarão com 7,8 milhões de hectares. Receberão patrimônio público no valor de R$ 8 bilhões. Os médios produtores, com áreas de 400 a 1,5 mil hectares, são 12% do total. Eles ficarão com 8 milhões de hectares e receberão um patrimônio público no valor de R$ 8 bilhões. Os grandes produtores, com áreas acima de 1,5 mil hectares, são 6,9% do total e ficarão com 49 milhões de hectares, sendo premiados com um patrimônio público avaliado em R$ 54 bilhões.
A senhora chegou a comparar isso ao patrimônio do Banco do Brasil.O patrimônio do Banco do Brasil é de R$ 18,4 bilhões. A privatização de 67 milhões de hectares da Amazônia equivale a distribuir o patrimônio público correspondente a quase quatro Bancos do Brasil. Esses 67 milhões de hectares correspondem às áreas da França e da Itália ou à área territorial dos estados de Minas Gerais e Santa Catarina juntos. Corresponde, ainda, à área de quatro estados do tamanho do Acre. O grave é que se pensou a vistoria dessa imensa área baseada apenas no critério de auto-declaração, isto é, qualquer um pode dizer: “Esta posse é minha e eu tenho direito sobre ela”. Mas para caracterizar uma posse mansa e pacífica, os critérios estão na Constituição e no Estatuto da Terra. Apresentei uma emenda para corrigir, para fazer o recorte até quatro módulos fiscais. O relator nem considerou. Apresentei uma outra emenda, para que não fosse dispensada a vistoria. Também não foi considerada. Apresentei a proposta que se criasse um conselho de acompanhamento. Pelo menos essa foi acolhida, mas na verdade eram oito as emendas que apresentei.

E como tudo isso aconteceu? Como o presidente Lula se comportou durante todo esse processo?
Os motivos dele não têm nada a ver com o que de fato aconteceu. Eu acredito que ele se mobilizou pelas coisas boas, que seria basicamente resolver o problema fundiário. Aliás, isso já estava no Plano de Combate ao Desmatamento, dentro do eixo Ordenamento Territorial e Fundiário. E nós dizíamos: para fazer a regularização fundiária tem que fazer o zoneamento ecológico-econômico. O Acre fez, Rondônia fez, o Pará está fazendo e o Mato Grosso está fazendo há 20 anos e eu não sei porque que não é aprovado pela Assembléia Legislativa. Mas o que está se fazendo com a Medida Provisória é nivelar a todos por baixo. É por isso que fico pensando, com todo respeito, nesses meninos do Ministério Público, pois são todos muito jovens. Penso em todos aqueles que um dia acreditaram que um dia poderia ser possível fazer diferente. Ao invés de passar no teste, a gente altera o teste. O teste era fazer na forma correta. No dia daquela vigília no Senado em defesa da Amazônia, a senadora Kátia Abreu disse, olhando para mim, que o presidente Lula havia pedido a ela que o ajudasse a resolver o problema da regularização fundiária no Brasil. Já que eu não pude ajudá-lo nesse processo, quero pedir humildemente para que ele me ajude vetando os artigos que é possível vetar.

Por que não é possível vetar tudo?
Algumas coisas eles fizeram de uma forma muito inteligente, o deputado Asdrúbal Bentes, que cuidou da questão fundiária desde a época da ditadura militar no Estado do Pará. O projeto original dizia que a pessoa só poderia vender a terra depois de 10 anos, fossem grandes ou pequenos produtores. Ele mudou: estabeleceu que os pequenos podem vender só depois de 10 anos, mas os grandes podem vender após três anos. Os que ficarão com a maior quantidade de terra, os que usaram de mais violência -não estou falando dos corretos- poderão vender as terras após três anos. Esse artigo está numa parte da lei que não pode ser vetado. Quem puder, envie e-mail ao presidente Lula. Peça com carinho e respeito, como eu pedi na carta que enviei: “Companheiro Lula, vete a Medida Provisória 458″. É assim que cada um tem que fazer. As coisas têm que ser feitas com amor. Todo o discurso que tem sido feito é em nome dos pequenos, mas quem vai se beneficiar mesmo são os grandes, aqueles com áreas acima de 1,5 mil hectares, que ficarão com 8 milhões de hectares e que receberão um patrimônio público equivalente a R$ 54 bilhões, que corresponde a quase quatro vezes o patrimônio do Banco do Brasil. O procurador federal no Para, doutor Felício Pontes, disse: “A MP 458 vai legitimar a grilagem de terras na Amazônia e vai jogar por terra 15 anos de intenso trabalho do Ministério Público Federal no estado do Pará, n combate à grilagem de terras”. A situação na Amazônia é assustadora. Segundo a Comissão Pastoral da Terra, de 1999 a 2008, foram mais de 5 mil conflitos envolvendo 2,7 milhões de pessoas; 253 assassinatos; 256 tentativas de assassinatos. Foram 1.377 pessoas ameaçadas de morte, a maioria lideranças rurais.

A senhora costuma dizer ao seu amigo Carlos Minc que deixou para ele uma boa marmita. Qual é o sabor dela hoje?
O sabor dela hoje é amargo por causa da Medida Provisória. No meu entendimento, deveria ter sido um projeto de lei e não uma Medida Provisória, para que a sociedade brasileira pudesse debater mais sobre algo tão importante. Mas existem outras tentativas tão amargas quanto essa. Daqui há alguns anos as pessoas vão começar a ver o impacto de tudo isso no país, particularmente na Amazônia. O que aconteceu é que os ministérios das Minas e Energia, Transportes e Agricultura estão se sobrepondo ao Ministério do Meio Ambiente. E agora existem alguns setores que querem fazer uma campanha de desqualificação do ministro Carlos Minc.

A pressão contra a gestão dele é mais firme do que foi contra a sua gestão?
Contra a minha gestão foi muito grave porque o que estava sendo feito era algo muito potente, como colocar 700 pessoas na cadeia.

Como a senhora explica, do ponto de vista político, o retrocesso?
Primeiro, houve um esforço muito grande para implementação da legislação. Barrar processos abertos, que estavam em curso há décadas, criou a expectativa de que isso fosse apenas fogo de palha. Não é à toa que durante cinco anos criou-se 4 milhões de hectares na frente de expansão predatória. Eliminamos verdadeiras redes de fraude. Existia, por exemplo, uma gráfica no estado de Goiás, que imprimia ATPF falsa com a mesma qualidade da que era impressa na Casa da Moeda. Todos esses esquemas criminosos foram desmontados e ainda se criou um sistema de monitoramento por satélite em tempo real. A cada 15 dias se tem uma fotografia da Amazônia inteira. A partir disso, a fiscalização vai a campo conferir o que está acontecendo. A partir disso, começou a surgir uma pressão muito grande para parar contra essas investidas.
Mas como se explica que o PT e o governo tenham permitido um retrocesso tão radical?Contei com a solidariedade e o esforço da bancada. Eu diria que há, neste momento, uma força avassaladora de setores atrasados do agronegócio. Se nós não tivermos uma forte mobilização da opinião pública, esses setores vão avançar cada vez mais, passando por cima das conquistas da sociedade. Neste momento, existem cerca de 32 iniciativas de decreto legislativo que tentam revogar a defesa do meio ambiente e de reservas indígenas. Em lugar das pessoas trabalharem para recuperar a reserva legal elas estão querendo mudar o Código Florestal Brasileiro para diminuir a reserva legal. É um movimento que tenta desconstruir os avanços.

A senhora não teme que possa ter melindrado politicamente o presidente Lula ao ter enviado uma carta aberta?
Com isso ele pode decidir não atender ao pedido de vetos à Medida Provisória.Eu não tenho esse receio por causa da história que o presidente Lula tem. Ele não vai se ater a uma coisa mesquinha como essa. Ele vai avaliar o mérito e tentar reparar em parte o grande mal que é essa Medida Provisória. Eu espero, sinceramente, fazendo esse apelo ao homem público que ele é, à memória daqueles com os quais ele lutou junto, à contribuição que ele pode dar à história, que ele promova esse veto. É um apelo da bancada, do Partido dos Trabalhadores, e da maioria dos brasileiros. Ninguém pode se conformar em repassar um patrimônio público de R$ 70 bilhões àqueles que se apropriaram de terras públicas e daqui a três anos vão poder vender essas terras. Que pelos menos as pessoas jurídicas e as que têm prepostos não possam regularizar essas terras porque isto está na contramão da função social da terra.

Faltou empenho do Planalto para aprovar as mudanças que a senhora julga necessárias à Medida Provisória?
A política é a arte de tentar convencer. No plenário do Senado um grupo de senadores se esforçou e tivemos entendimento de um grupo de 20 senadores que queria aprovar as emendas. No meu entendimento, faltou esforço por parte do governo para tentar resolver o problema ali e não transferi-lo para o presidente. Agora está nas mãos do presidente Lula e com certeza ele vai olhar com muita responsabilidade.

O presidente está vivendo um dilema?
É mais que um dilema. É uma oportunidade histórica que tem para reparar um erro grave, ainda que seja um reparo parcial.

A senhora pretende procurar o presidente Lula para tentar convencê-lo pessoalmente?
Já fui até ao presidente Lula por meio da carta que enviei. Caso ele me convide, irei conversar, mas também, se for necessário, ainda posso tomar a iniciativa de procurá-lo pessoalmente.

Fonte: http://blogdaamazonia.blog.terra.com.br/2009/06/08/privatizacao-de-67-mi-de-hectares-da-amazonia-equivale-ao-patrimonio-de-quase-quatro-bancos-do-brasil-alerta-marina-silva/

segunda-feira, 8 de junho de 2009

Verônica Ferriani faz duas apresentações em RP

Destaque na mídia nacional e apontada como uma das vozes mais fortes da nova geração da MPB, a cantora Verônica Ferriani faz neste final de semana dois shows em Ribeirão Preto, sua cidade natal. No sábado (13), os moradores do Bairro Campos Elíseos receberão o show "Samba Sim!" na Praça Rômulo Morandi, às 20h. Já no domingo, Ferriani participa da apresentação da Orquestra Sinfônica, no Teatro de Arena, às 18h.

Na TV
Nesta terça-feira (8), a cantora Verônica Ferriani participa do programa Sr. Brasil, da TV Cultura, que vai ao ar às 22h10, com reprise no domingo (14), às 10h.

Fotos: Exercício nº1 - NIT

Estão disponíveis no site da ONG Ribeirão Em Cena as fotos do "Exercício nº1, embriões de uma tetralogia", apresentado pelo Núcleo de Investigação Teatral nos dias 28, 29 e 30 de maio.

sábado, 6 de junho de 2009

ONGs elegem parlamentares 'amigos' e 'inimigos' da Amazônia



O Fórum Brasileiro de ONGs e Movimentos Sociais para o Meio Ambiente e o Desenvolvimento (FBOMS) divulgou nesta sexta-feira (5), Dia do Meio Ambiente, a primeira edição do prêmio "Amigo" e "Inimigo da Amazônia", voltado para os parlamentares que atuam no Congresso Nacional.


A lista é dividida em duas categorias: "espécies nativas", para os parlamentares da região da Amazônia, e "espécies exóticas", para aqueles de outras regiões do país.
Parlamentares amigos e inimigos da Amazônia

Amigos
Senadora Marina Silva (PT-AC)
Senador José Néri (PSol-PA)
Deputado Sarney Filho (PV-MA)
Deputado Paulo Texeira (PT-SP)
Senador Aloízio Mercadante (PT-SP)
Senador Cristóvão Buarque (PDT-DF)
Senador Renato Casagrande (PSB-ES)


Inimigos
Senadora Kátia Abreu (DEM-TO)
Deputado José Nobre Guimarães (PT-CE)
Senador Mozarildo Cavalcanti (PTB-RR)
Deputado Aldo Rebelo (PCdoB-SP)
Senador Romero Jucá (PMDB-RR)
Deputado Valdir Colatto (PMDB-SC)
Senador Flexa Ribeiro (PSDB-PA)
Deputado Asdrúbal Bentes (PMDB-PA)
Deputado Homero Pereira (PR-MT)

Entre os inimigos da Amazônia, está a senadora Kátia Abreu (DEM-TO), relatora da Medida Provisória 458 aprovada na última quarta-feira (3) no Senado, chamada pelos ambientalistas de "MP da grilagem". O texto permite a regularização de terras ocupadas na região da Amazônia.
Também entre os inimigos está o senador Romero Jucá (PMDB-RR), por ter, segundo os ambientalistas, liderado a bancada do governo na aprovação da MP 458 com rejeição dos destaques apresentados pela senadora Marina Silva (PT-AC), que poderiam melhorar a proposta na visão dos organizadores do prêmio.

quarta-feira, 3 de junho de 2009

“Roleta Russa” debate o ser humano no Espaço Cultural SantelisaVale




Quatro pessoas chegam aos seus extremos, eclodindo sentimentos guardados dentro de si, no espetáculo “Roleta Russa”, da Cia. “Ainda sem Nome”, que entra em cartaz para a temporada 2009 no Espaço Cultural SantelisaVale nos dias 5, 6 e 7 de Junho.

Roleta Russa é um espetáculo que fala do “Eu” de forma direta, utilizando elementos da realidade para discutir a violência. Dirigida por Flávio Racy, a peça segue roteiro criado pelo grupo Cia. “Ainda sem Nome durante o projeto Poesia em Cena, realizado em 2007, e associa pesquisas filosóficas sobre o poema “Os ombros suportam o mundo” de Carlos Drummond de Andrade, pesquisas de atuação dos atores e pesquisas do cotidiano através de notícias retiradas de jornais e revistas.

No palco quatro pessoas desnudam-se a um ponto onde todos são iguais, onde o desespero interior alimenta a raiva do mundo tornando-as capazes de desejar a destruição com o mesmo ímpeto.

“As suas razões podem ser a explicação para atitudes sem nenhuma razão. Ao conhecermos o íntimo de cada um podemos concordar ou não com sua reação ao mundo em que vivemos, mas não podemos deixar de observar que dentro desse ser há alguém que sente violentamente o que vive”, enfatiza o diretor Flávio Racy.

A temporada 2009 conta no elenco com Roberta Dantônio, Michelle Maria, Flávio Racy, Tiago Porto, Gabriela Lucenti e Lucas Sagara além de iluminação de Giba Freitas e participação do músico ribeirãopretano Alessandro Perê Rodrigues na trilha sonora.

O espetáculo tem ainda a colaboração de Clone Laser, Barrado Tintas, Balau Madeiras, Marcenaria Barban, Gráfica Four Color, Ribeirão em Cena e Núcleo de Teatro Queratina.


O Grupo
A Cia “Ainda sem Nome” de Pesquisa Artística surgiu com o propósito de realizar pesquisas de estética teatral, corporal e vocal com cunho sócio-humano. Seu objetivo é mergulhar na essência humana e pesquisar, através de estudos filosóficos, os motivos que levam a comportamentos da convivência social. A companhia tem como princípios básicos o respeito à vida, à liberdade, à oportunidade, à igualdade e a valorização da condição humana e busca vivenciar esses princípios tanto no desenvolvimento da sua pesquisa quanto na definição de objetivos cênicos para o seu trabalho. Já criou os espetáculos Roleta Russa, Florisbela e seus dois pretendentes e Gran Circo Alegria em Um Conto de Natal além da realização do projeto Poesia em Cena e outros eventos teatrais.


Serviço:
Roleta Russa
Cia. “Ainda sem Nome”
Datas: 05 e 06/06 (sexta e sábado) às 21 horas e 07/06 (domingo) as 20 horas
Ingressos: R$16 e R$ 8 (estudantes, professores e terceira idade)
Local: Espaço Cultural SantelisaVale – Rua Lafaiete, 1084 – Centro – Ribeirão Preto/SP
Informações: (16) 3610-7770 / 8161-1920
Duração: 45 minutos
Classificação: 16 anos


Divulgação “Ainda sem Nome”
Contato: (16) 8161-1920 (Flávio)
E-mail: ciasemnome@gmail.com
Site: www.ciasemnome.blogspot.com