sexta-feira, 8 de maio de 2009

Homenagem a Boal

AO AMIGO SEMPRE PRESENTE
de Gracyela Gitirana
Ao saber da morte de Augusto Boal, levei um susto. Passei pelo momento do ‘não acredito’, indo para o ‘meu deus, como isso aconteceu?’, até chegar numa tristeza profunda, que fez meu pensamento silenciar. Depois de alguns instantes me perguntei: Boal morreu mesmo?

Daí lembrei do nosso primeiro encontro. Eu estava no aeroporto de Fortaleza-CE, sentada próximo a uma livraria. Não havia muita coisa a fazer a não ser esperar a chamada para o embarque que levaria mais uns 40 minutos. Decidi comprar um livro, afinal, seria uma ótima forma de passar meu tempo.

Entrei na livraria e ali estava: Augusto Boal. Cheio de histórias para contar e ideias para realizar. Desde então, Boal não saiu mais de minha vida. Nossos encontros sempre foram renovadores para mim. Ele é uma dessas figuras que te desafia através do dialogo. Que te provoca com questões pertinentes. Boal politiza.

Mas estar com ele não é só um momento de embate e discussão. Poucas vezes em minha vida ouvi alguém contar histórias como ele. Assim como, conheci poucos homens tão amáveis ao falar sobre os homens.

Para mim, Augusto Boal não morreu, pois suas palavras, ideias, sonhos, luta e principalmente seu teatro continua. Ele foi o primeiro artista a me dizer que para ser artista é preciso acreditar no ser humano e na sua capacidade de transformação através da luta, cujo as armas são o próprio homem e sua sabedoria.

Obrigada Boal, por sua generosidade. Apesar de nunca termos nos vistos pessoalmente, você me ensinou e certamente me ensinará muito.

Gracyela Gitirana é diretora, atriz e professora da ONG Ribeirão Em Cena

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