terça-feira, 28 de abril de 2009

MOSTRA PERMANENTE DE DANÇA RECEBE DUAS COMPANHIAS EM MAIO

A Mostra Permanente de Experimentações em Dança Contemporânea, projeto de incentivo a dança realizado pela ONG Ribeirão Em Cena, recebe no Espaço Cultural SantelisaVale, duas companhias tradicionais de Ribeirão Preto: a Equilíbrio Companhia de Dança e a ONG Finac, no dia 07 de maio.

A Equilíbrio Cia. de Dança apresenta a coreografia “Liberdade ainda que tarde”, de Arilton Assunção e direção de Silvana Conti. Os quatro bailarinos, que estão juntos há um ano, trabalham a busca da liberdade e a simplicidade do encontro, nas razões oferecidas pela vida. O elenco é formado pelos bailarinos Aldenir Espíndola, Ana Carolina Ignácio, Francine Lamas e Mariana Leônidas.

Dirigidos pela bailarina Renata Celidonio, a ONG Finac apresenta o espetáculo “In-saio”. O trabalho tem como ponto de partida a interação entre quatro coreógrafos de caráter experimental, criando possibilidades corpóreas, onde a composição espacial é criada pelos próprios bailarinos. A peça é uma junção de várias cenas, tendo como objetivo mostrar um ensaio como um dos processos coreográficos de exposição e interação. A criação coreográfica é de Bruno Oliveira, Edson Fernandes, Fernando Martins e Fernandes Nascimento.

Inspirado no projeto “Quinta com Dança”, do Centro Dragão do Mar de Fortaleza-CE, a abertura da Mostra atraiu um público de 150 pessoas, que lotaram o Espaço Cultural SantelisaVale para assistir a Cia. DiTirambo, de Araraquara.

Na primeira quinta-feira de cada mês, o palco recebe companhias ou solos em coreografias com duração máxima de 30 minutos. Todas as apresentações serão seguidas por debates entre elenco e público. Para a realização da Mostra, foi criado um conselho gestor de qualidade, formado por profissionais com notória competência na área. Esse conselho é responsável pela seleção dos grupos interessados em participar.

Para se inscrever, os grupos devem enviar um vídeo com a coreografia a ser apresentada, currículo dos bailarinos e coreógrafo, além do histórico do espetáculo e das pesquisas desenvolvidas. Após a seleção, será criada uma agenda com data e horário das apresentações.

O edital para inscrições está disponível no site da ONG Ribeirão Em Cena: http://www.ribeiraoemcena.org.br/mostradanca.htm

Serviço:
Mostra de Experimentações em Dança Contemporânea
Equilíbrio Cia de Dança e ONG Finac
Data: 07/05 (quinta-feira), às 21hIngressos: R$10 e R$5Local: Espaço Cultural SantelisaVale
Classificação livre

ATORES VÃO TRABALHAR GUIMARÃES ROSA NO 1º DE MAIO

O elenco do Núcleo de Investigação Teatral (NIT), formado por bolsistas da ONG Ribeirão Em Cena, não vai ter folga no feriado de 1º de maio. O grupo viaja para Jacuí, sul de Minas Gerais, onde o professor e diretor José Maurício Cagno fará um trabalho de pesquisa e experimentações na natureza, apoiado no texto ‘Grande Sertão: Veredas’, de Guimarães Rosa.
Os atores que vão ficar três dias no retiro artístico, são os mesmos que fugiram do carnaval pra participar da primeira etapa do trabalho. “Foi bastante proveitoso trabalhar nossos textos em contato com a natureza. O ator quando sai do caos urbano consegue vivenciar coisas diferentes, aprimorando e aflorando o processo de criação de personagens e cenas”, comentou Cagno. A relação direta com o ambiente natural faz parte das pesquisas dos elementos terra, água, fogo, ar, luz, humano e divino – conhecidos na Yoga e no Tai Chi Chuan.
Segundo Cagno, a segunda etapa da viagem vai possibilitar aos atores um laboratório ainda mais rico. "Agora vamos trabalhar textos que eles mesmos criaram, poesias e ainda com o texto do Guimarães Rosa. Vamos trabalhar o ar em um lugar aberto, perto de montanhas. Temos um rio à nossa disposição para trabalharmos com o elemento água”, comentou Cagno.
Para o ator Joubert Oliveira, que está indo pela segunda vez, a viagem provoca e sensibiliza o ator a pensar de formas diferentes. “Nós vivemos em uma floresta de cimento. Barulhos de carros e máquinas contrastando com o barulho do vento, o ar puro. Viajar pra um lugar distante, faz com que os elementos fiquem ainda mais aflorados”, declarou Oliveira.
Vivências com Eugênio Barba
O ator José Maurício Cagno participou de um workshop de quatro dias com o diretor Eugênio Barba, nos moldes da viagem programada pelo Núcleo de Investigação Teatral. “A experiência de conviver em grupo é muito importante. Tive essa oportunidade quando participei do workshop com o Eugênio Barba. O relacionamento é inevitável e a gente acaba conhecendo melhor uns aos outros”, lembrou Cagno, que ficou em uma chácara com outros 17 atores, mais o fundador do Odin Teatret – Cia. formada em Oslo, Noruega.

sexta-feira, 24 de abril de 2009

Prefeitura convida artistas e produtores culturais de Ribeirão Preto

A Secretaria Municipal da Cultura, em parceria com a Coderp, fará o primeiro Cadastro Geral da Cultura em 2009. O objetivo é cadastrar todas as entidades e os agentes culturais de Ribeirão Preto e região e facilitar a pesquisa, contratação de artistas e a busca por informações culturais da Secretaria Municipal de Cultura. O lançamento será no dia 24 de abril, às 10h, na Casa da Cultura.


Para mais informações, entre em contato pelo fone: 3636-1206.

Teatro vira elemento de inclusão e balada

Grupo, que surgiu da luta contra os manicômios, socializa deficientes
Adriana Carranca - O Estado de São Paulo

O ator Bruno Cordeiro, de 19 anos, chega ao teatro antes dos demais. Entrega seu remédio à diretora executiva, Claudia Alonso. "É para eu tomar às sete, tá?" E segue apressado para o camarim. Ao lado de outros 20 atores, ele estreia sua quarta peça, Só(is) Amarelos, hoje, no teatro do Sesc de Santos, no litoral paulista. Portador de uma síndrome, Bruno é tão dedicado ao papel e focado na interpretação - ele faz o folclórico boi-bumbá - que, no ensaio, se esquece de tudo. Por isso confere a função do remédio à Claudia, psicóloga, atriz e adorada pelos alunos das oficinas da Associação Projeto Tam Tam.

O trabalho surgiu há 20 anos da luta antimanicomial e se transformou em fenômeno na Baixada Santista e exemplo de projeto de inclusão social. Mas Claudia e o arte-educador Renato Di Renzo, criador da associação, têm horror à expressão inclusão. Isso porque suas aulas não fazem distinção de ninguém. Recebem atores amadores e profissionais, crianças, jovens, adultos, portadores de necessidades especiais ou não. "Meu teatro, se é bom, é porque é bom. Não interessa se tem gente de cara feia ou bonita", diz Di Renzo. O trabalho atende 140 pessoas em diferentes oficinas e projetos e é voluntário.

Para angariar fundos, eles abriram as portas do pequeno espaço cedido em um canto do Teatro Municipal de Santos. Decorado com objetos doados e reciclados, o lugar se transformou em espaço lúdico, que chega a atrair 2,5 mil pessoas por mês às sextas e sábados em uma balada animadíssima, que começa às 22 e vai até as 3 horas. Num escuro teatro municipal, com ares de abandono, o visitante descobre vida atrás das cortinas do Café Teatro Rolidei. Ali se resgatou o teatro de arena - todo sábado, o capítulo de uma novela é interpretado ao vivo. Há música, dança e fantasias. No meio da noite, já não se sabe quem é público, ator, voluntário ou aluno. São todos iguais, como no palco.

Vinte alunos do Tam Tam, entre eles nove portadores de necessidades especiais, acabam de voltar de Portugal, onde se apresentaram em um festival de teatro, com a Só(is) Amar-Elos, que mistura dança, música, mímica e arte cênica. O figurino foi produzido a muitas mãos, por pais de alunos,voluntários e até o público do Rolidei.

"Com o teatro, minha filha tomou consciência dela própria, adquiriu mais respeito pelo outro e aprendeu a controlar as emoções", diz Elisabetre Pillilini, mãe da atriz Francisca, de 16 anos, que esteve em Portugal. "A síndrome de down nunca a impediu de nada." Questionada se gosta de teatro, Francisca abre um sorriso largo: "Fiquei muito mais feliz da minha vida!"

"Esse tipo de grupo não é frequente, mas é muito querido", diz o diretor do Sesc-SP e agitador cultural, Danilo Miranda. "Ele lida com a diferença da forma mais profunda e radical possível justamente porque derruba a barreira do diferente."

O encontro da arte com a loucura, uma profecia Adriana CarrancaPara Renato Di Renzo, entrar na Casa de Saúde Anchieta, o antigo manicômio de Santos, conhecido como "casa dos horrores", foi antes de tudo um resgate da infância, uma reconciliação com a própria memória. O menino se impressionava com os gritos vindos de trás dos muros altos no fim da Rua Princesa Isabel, onde cresceu. Curioso, rodeava o hospício de bicicleta enquanto imaginava cenas com os sons que vinham de lá. Os colegas zombavam: "você vai acabar ali". "E acabei", brinca.

Renato foi convidado em 1989 pelo então secretário de Saúde de Santos David Capistrano, um articulador da reforma psiquiátrica no Brasil, para iniciar um trabalho de arte educação no Anchieta. "Era como se os colegas de infância tivessem feito uma profecia. Só que encontrei ali algo muito pior do que eu jamais havia imaginado. O horror era grande. De gente manchada, machucada, borrada."

Ele pediu às internas que lhe mostrassem o hospício. "Cada descascado de tinta, cada sujeira, a marca de um arranhão na parede, tudo tinha uma história. Era a arquitetura funcionando como suporte de uma caligrafia da loucura, da tortura, da dor", lembra. Daí surgiu a ideia de um teatro de arena. "É como novela", explicou. Ele marcou o primeiro ensaio para o dia seguinte "às 8 horas, nessa parede". E se emocionou ao encontrar os internos emparedados lado a lado, esperando por ele na hora marcada.

Cada canto do hospital foi renomeado e virou cenário. Encenou-se Romeu e Julieta. Do imaginário do grupo surgiu novo personagem: um cavalo falante, que passava o texto para Romeu, interpretado por um jovem com crises de amnésia. "Aquilo surgiu deles. Eu só provocava. E eles criavam. Na última cena, o cavalo receita remédios. Percebi que ia surgindo ali uma fala, uma crítica, a reprodução do sistema."

A administração do hospital acompanhava, desconfiada. "Eles respeitavam o trabalho, mas não entendiam. Não tinham noção da força da arte para cutucar o ser humano. E não era arte para ?ajudar?, mas arte. Porque existe uma violência por trás da bondade, na forma da exclusão. Eu ajudo porque é correto, mas não me relaciono com o outro. Ele não percebe que o investimento nessa relação é nele próprio." Dois anos depois, o Anchieta foi desativado e Renato fundou a Associação Projeto Tam Tam que trabalha voluntariamente com portadores de deficiência e outros públicos.

Colaboração: Fernando Bueno

quarta-feira, 22 de abril de 2009

Oficina com Elton Vitor

Os bolsistas da ONG Ribeirão Em Cena participaram de uma oficina com o ator e diretor Elton Vitor, da Cia. de Domínio Público, na Rose Ballet School no último sábado (18/04). Confira as fotos em nosso álbum!

Foto: Cleber Akamine

terça-feira, 14 de abril de 2009

Visita ao Pedro II

Bolsistas da turma da manhã, devidamente fotografados por Rony Morbi, fizeram uma visita ao Theatro Pedro II no dia 09 de abril. Na visita, eles conheceram o Teatro de Bolso, os camarins, sala dos espelhos, sala de ballet e tiveram a companhia da jornalista Nianara Bighetti e o técnico de iluminação do teatro "Marquinho".





Confira as fotos no flickr do Rony Morbi: http://www.flickr.com/photos/ronymorbi/

“Desmonte – A grande obra” chega a Ribeirão Preto

Cia. de Domínio Público se apresentou em São Paulo, Piracicaba e Pirassununga

Depois das temporadas no Teatro da Vila e Teatro Fábrica, em São Paulo, a Cia. de Domínio Público apresenta a comédia “Desmonte – A Grande Obra”, no Espaço Cultural SantelisaVale, dias 18 (às 21h) e 19 (às 19h).

O espetáculo fala sobre as desapropriações, as mudanças na ordem social e o caos urbano provocado pelo lançamento de um grande empreendimento imobiliário no meio da cidade. Por conta dessa nova construção, os moradores daquela região são forçados a se adequar a uma nova ordem social, à mercê da boa vontade política público-privada.

Situações curiosas como a usuária do transporte coletivo que não sabe mais onde fica o ponto de ônibus ou a velhinha que vê nos estragos causados pelas obras a grande oportunidade de mudar os azulejos da cozinha são tratadas de forma sarcástica pelo grupo paulista, que ganhou o Prêmio Myriam Muniz de Teatro da Funarte, em setembro de 2007.

Projeto "DESMONTE - A GRANDE OBRA"
A peça é resultado do projeto “Ao Largo Público - O Humano por trás do processo de Reconversão Urbana”, um dos contemplados com o Prêmio Myriam Muniz de Teatro da Funarte, em setembro de 2007. Com esse trabalho, a Companhia de Domínio Público almeja lançar luz sobre a participação dos cidadãos na mudança do espaço urbano e convidar o público a realizar essa reflexão.

O grupo propõe a criação coletiva na dramaturgia e direção. A idéia é incitar a reflexão sobre a participação da comunidade na mudança do espaço urbano, com depoimentos inusitados e sarcásticos de personagens. Em 2007, o grupo circulou pelo interior de São Paulo com o espetáculo onde a figura do malandro era condutora das ações. Em 2005, realizou o espetáculo “Da Senzala À Favela”, sobre o sambista Geraldo Filme, no Sesc. Criada em 2004, a. Cia de Domínio Público é composta por artistas interessados nas relações estéticas entre teatro e música. Elenco: Alessandra Velho, Andréa Lopes, Elton Vitor, João Furtado, Maíra Castilho e Tucci Fattore.
Cia. de Domínio Público ministra oficina no SantelisaVale
Antes de subirem ao palco no sábado (18), a Cia. de Domínio Público ministra uma Oficina no Espaço Cultural SantelisaVale, das 14h às 17h. Os participantes poderão acompanhar o processo de criação do espetáculo “Relatório de Obras”. Outro aspecto abordado na oficina é sobre a pesquisa em dramaturgia, direção e atuação, e como elas são exercidas pelo grupo. Os interessados devem se inscrever pelo telefone: 3610-7770.

Serviço:
Espaço Cultural SantelisaVale
Rua Lafaiete, 1.084
Dias: 18, às 21h e 19, às 19h (sábado e domingo);
Entrada Grátis
Duração: 80 minutos.
Recomendação etária: a partir de 12 anos
Direção: Cia. de Domínio Público
Orientação de direção: Juliana Monteiro
Dramaturgia: Cia. de Domínio Público e Claudia Pucci
Elenco: Alessandra Velho, Elton Vitor, João Furtado, Maíra Castilhos e Tucci Fattore
Músico: Rafael Brides
Cenário: Cia. de Domínio Público
Figurino: Cia. de Domínio Púbico
Iluminação: Uirá Freitas
Operadora de Vídeo: Ana Gabriela Meinrath

Jacó Guinsburg: quase 50 anos de serviços prestados ao teatro


Data de publicação: Quarta-feira, 8 Abril 2009
Por Gustavo Paiva

Aos 87 anos e em plena atividade, Jacó Guinsburg acaba de ser homenageado pelo Prêmio Shell de Teatro por sua contribuição ao pensamento crítico do teatro no Brasil. É o reconhecimento por anos dedicados à atividade de crítica, pesquisa e ensino de teatro, além da edição de inúmeras obras sobre o tema.Guinsburg Nasceu em 1921, na cidade de Rascani, no interior da antiga Bessarábia, território que hoje constitui a Moldávia. Filho de José e Adélia Guinsburg (nomes em português), veio para o Brasil entre 1924 e 1925. O desejo de melhorar de vida, o antissemitismo acentuado na região e um tio já vivendo no Brasil levaram a família judia a mudar-se, primeiramente para Santos, onde moraram até 1930 e onde nasceu seu irmão, e depois para São Paulo.

Já na capital, embora não morasse no Bom Retiro, bairro famoso por ter sido o primeiro reduto de imigrantes judeus, Jacó Guinsburg costumava frenquentá-lo assiduamente. Lá teve seu primeiro contato com o teatro, no clube progressista judeu Cultura e Progresso, que depois deu origem à Casa do Povo. As peças eram apresentadas em língua iídiche, que representa para Jacó uma segunda língua-mãe.“Conheci o iídiche porque era a língua que meus pais falavam em casa”, declara o teatrólogo que lê, escreve e fala iídiche até hoje. Ele não esconde o fascínio que o teatro exerceu sobre ele desde o princípio e justifica: “Teatro é um meio quente, é uma arte que fala do homem ao homem na relação corporal ao vivo e tem muito apelo porque o espectador está ali como o outro, num apelo à imaginação”.

Esse contato inicial levou Guinsburg a assistir peças em português e a conhecer o teatro brasileiro da época, vivenciando de perto suas grandes transformações conceituais e estéticas. “O teatro brasileiro era o teatrão. Era bom, mas era ligado mais à comédia de revista, à farsa. Os jovens fizeram a revolução teatral na forma de encenação, nos repertórios, na maneira de encarar o teatro. Isso veio principalmente com os comediantes e com o TBC [Teatro Brasileiro de Comédia]”, explica o professor, que conviveu de perto com os mais importantes agentes dessa revolução. “Uma das principais figuras nesse movimento foi Décio de Almeida Prado. Ele e o teatro universitário começaram a trazer isso ao público”, comenta.

Seu trabalho intelectual, como ressalta Guinsburg, não começou voltado para o teatro, mas deu-se por outras vias, quando fundou a editora Rampa, em 1948. A editora foi a responsável por colocá-lo em contato com o mundo intelectual paulista de sua época. No mesmo período, ele inicia suas atividades como jornalista, escrevendo para a revista Brasil-Israel, onde fez todo tipo de trabalho de redação, inclusive suas primeiras colunas de crítica teatral. Posteriormente, foi trabalhar no suplemento literário de O Estado de S.Paulo, onde teve contato com importantes nomes do diálogo teatral no Brasil como Sábato Magaldi, Anatol Rosenfeld e Alfredo Mesquita, fundador da Escola de Arte Dramática (EAD).

Jacó Guinsburg casou-se em 1950 com Guita Guinsburg, professora do Instituto de Física, hoje aposentada. Seu casamento foi responsável por uma importante mudança em sua vida. Guita havia ganhado uma bolsa de estudos na França e Jacó, para acompanhá-la, buscou um estágio editorial no mesmo país. Por ironia do destino, sua esposa acabou não indo para a França, mas ele o fez e lá ficou por 10 anos, ao longo dos quais pôde frequentar cursos de filosofia na Sorbonne e na Ecole des Hautes Etudes de Paris, além de assistir a muitas temporadas do teatro francês.
Quando voltou ao Brasil, Jacó foi convidado pelo suplemento literário de O Estado de S. Paulo a escrever uma série de artigos sobre o teatro do absurdo. Seus seis artigos publicados no suplemento lhe renderam a indicação para dar aulas de crítica na EAD, em 1963. Com a incorporação da EAD à USP, as disciplinas que ministrava deixaram o currículo da escola, que dá formação secundária e não superior, e passaram para o curso de Teatro da Escola de Comunicações e Artes (ECA), acompanhadas de seu professor.

Jacó Guinsburg, que não havia feito nenhum curso de graduação, no ano de 1973 foi indicado por Clóvis Garcia para fazer um doutoramento direto, que foi aprovado pelas Congregações da Universidade. Sua tese, orientada por Antonio Candido, versava sobre literatura e teatro iídiche, remontando a suas origens e a seus primeiros contatos com o teatro. Jacó fez ainda livre-docência, tendo Stanislavski e o Teatro de Arte de Moscou por tema. Como professor da ECA desde 1969, ele não se rendeu à aposentadoria compulsória.

“Fui professor até 1991, quando a ‘expulsória’ me expulsou”, brinca o professor, que continua orientando dissertações e teses e atualmente tem cinco alunos. Toda essa dedicação à formação de profissionais e à pesquisa acadêmica teatral foi reconhecida pela Universidade em 2001, quando ele foi homenageado com o título de Professor Emérito da USP.

Guinsburg não era professor em tempo integral e sempre manteve suas atividades editoriais, fundando em 1965 a Editora Perspectiva, da qual é presidente até hoje. Trabalhando durante todos esses anos com o ensino de teatro, afirma ter identificado certa carência de bibliografia em português e resolveu unir suas áreas de interesse, trabalhando na tradução e publicação de obras sobre o tema. Embora reconheça as dificuldades: “é um campo restrito do ponto de vista econômico”, afirma, a Perspectiva tem quase 200 títulos lançados na área. Foi sua atividade editorial que rendeu a Guinsburg a homenagem recente do Prêmio Shell de Teatro.

Na cerimônia de entrega do prêmio, em meio a muitos artistas que foram seus alunos, Jacó Guinsburg dirigiu seu agradecimento a Maria Tereza Vargas, a Décio de Almeida Prado, Anatol Rosenfeld, Sábato Magaldi e a sua mulher, Guita Guinsburg. Ele explica os agradecimentos: “Quando entrei na EAD, não era conhecido no meio teatral. O doutor Alfredo [Mesquita] tinha todos os motivos para não esperar muita coisa de meu trabalho. Quem criou a confiança que o Alfredo depositou em mim foi a Maria Tereza [Vargas]”. E continua: “A visão de teatro devo a Anatol e a Sábato. Tinha muita admiração por Décio de Almeida Prado. Poucos críticos foram tão bons. Ele teve um papel importante na transformação do teatro brasileiro. É um homem de uma vasta cultura e, ao mesmo tempo, extremamente acessível”. Quanto à sua mulher, Guita, Jacó diz: “Não tenho muito o que explicar. Por razões de ordem econômica e social específicas, eu cresci de uma maneira anárquica. Se acabei tomando jeito na vida foi graças a ela”.

Fonte: http://espaber.uspnet.usp.br/espaber/?p=3020

quinta-feira, 9 de abril de 2009

Fotos da aula de Canto Coral

Já estão no site do Ribeirão Em Cena as fotos das aulas de Canto Coral com o professor Diego Nóbrega.

Confira em: http://picasaweb.google.com.br/ribeiraoemcena/AulaDeCantoCoral#

Aos 67 anos, morre o ator Francarlos Reis

Causa da morte não foi informada nem a data e o local do sepultamento do ator

Foto: José Patrício/AE

Beth Néspoli - O Estado de S.Paulo

SÃO PAULO - O ator Francarlos Reis, de 67 anos, foi encontrado morto nesta quarta-feira, 8, por um amigo, em seu apartamento em São Paulo. Até o meio desta tarde, a causa de sua morte ainda não havia sido revelada nem havia sido ainda definido se o velório será em Campinas, onde mora sua mãe e seu irmão, ou São Paulo. Francarlos estava no elenco do musical A Noviça Rebelde, cuja temporada não será interrompida. Substituído pelo ator Dudu Sandroni, ele será homenageado no sessão desta noite.

Com mais de 60 espetáculos teatrais no currículo, Francarlos iniciou sua carreira em 1970. Quem viu, jamais esquece, por exemplo, da forma como expressava, em atuação a um só tempo contida e intensa, a dor e a indignação de um honesto e apagado funcionário público na peça Em Moeda Corrente do País, que tinha texto de Abílio Pereira de Almeida, direção de Silnei Siqueira, e lhe valeu uma indicação para o Prêmio Shell. Cinco anos depois, mais uma interpretação marcante prova a versatilidade de seu talento. No musical My Fair Lady ele canta, dança e, mais que tudo, brilha ao dar vida ao ‘picareta’ Alfred, um divertido bon vivant que é em tudo oposto ao citado funcionário e lhe valia aplausos calorosos do público ao fim de cada apresentação.

Francarlos nasceu em Piracicaba, formou-se em Direito pela PUC de Campinas em 1965 e, em seguida, foi estudar no Rio, sonhando em seguir a carreira de diplomata. Mas uma viagem a Londres, em 1969, onde vê o musical Hair, provoca uma transformação radical em sua vida. Abandona os estudos e, como tinha formação também em música, passou a tocar piano numa boate em Copacabana. "Depois de ver Hair eu não sabia mais o que queria fazer da vida, mas tinha certeza de que não seria advogado", disse em entrevista ao Estado ano passado, às vésperas da estreia de A Cabra, espetáculo dirigido por Jô Soares, no qual contracena com José Wilker.

Foi tocando piano na noite que recebeu, do ator Armando Bogus, o convite para fazer teste para um musical. Por uma dessas coincidências da vida, era justamente para a montagem de Hair no Rio. Francarlos fez o teste numa segunda-feira, na terça já ensaiava com integrante do coro do espetáculo. Nunca mais abandonou o teatro. Atuou sob a batuta de grandes diretores brasileiros, entre eles José Renato, fundador do Arena, Jorge Takla, Flávio Rangel, Gianni Ratto, Antônio Abujamra, Fauzi Arap e Silnei Siqueira. Deu vida a personagens criados por Molière, Chekhov, Vianinha, Millôr Fernandes, José Vicente, Gogol, Gorki, Alcides Nogueira, Mário Viana e muitos outros. Todo ator tem seus trabalhos prediletos, não necessariamente os de maior sucesso de público e crítica. Francarlos tinha o seu, era Pasolini, Morte e Vida, texto do francês Michel Azama, encenado no Brasil pelo norte-americano Stephan Yarian. Destacava também entre os espetáculos que mais prazer lhe proporcionaram como ator O Doente Imaginário, de Molière, dirigido por Silnei Siqueira.

Atuou pouco em TV, fez uma única novela, Venha Ver o Sol na Estrada, sob direção de Antunes Filho, na Record, em 1973. Fez ainda algumas participações teleteatros, entre eles Vestido de Noiva, mais uma vez sob direção de Antunes. Homem de hábitos muito simples, gostava de encontrar amigos para uma caipirinha no Restaurante Planeta’s. "Não quero chegar ao topo. Sou uma criança com um ideal inatingível: ser gente com todas as letras maiúsculas."

Fonte: http://www.estadao.com.br/noticias/arteelazer,aos-67-anos--morre-o-ator-francarlos-reis,352056,0.htm

quarta-feira, 8 de abril de 2009

Aulão - 08/04/2009

Bolsistas se encontram no domingo para estudar teatro
Professores da ONG Ribeirão Em Cena organizaram uma série de atividades e reuniram todos os bolsistas do Curso de Iniciação ao Teatro

Foto: Rony Morbi - bolsista da manhã

A ONG Ribeirão Em Cena organizou no último domingo, 5, uma aula – o “Aulão” – para que bolsistas e professores, após dois meses de atividades, apresentassem trabalhos desenvolvidos nas oito disciplinas do Curso de Iniciação ao Teatro e, consequentemente, conhecer as turmas que fazem aulas em períodos diferentes.

Na primeira atividade, os bolsistas se apresentaram através de uma carta, escrita na primeira semana de aula sobre as expectativas do Curso de Iniciação ao Teatro. A professora Gracyela Gitirana recebeu as cartas e as redistribuiu em turmas diferentes, para que cada um respondesse, mesmo sem conhecer a pessoa. Junto à carta, Gracyela pediu para confeccionar um presente a ser entregue no Aulão. Reunidos no Espaço Cultural SantelisaVale, eles trocaram presentes e se apresentaram, contando um pouco do que haviam escrito na carta.

A professora e coordenadora Gracyela Gitirana ficou contente com a participação de todos. “Eles se apresentaram um a um e fizemos um debate sobre a identidade da ONG Ribeirão Em Cena. Passados dois meses, cada turma já criou um perfil, mas é preciso conhecer uma identidade ainda maior que é a da ONG”, explicou Gracyela.

Além das cartas, a professora Fabiana Fonseca dirigiu os bolsistas da tarde e da noite na montagem de cenas baseadas no texto “Reality Show”, de Frei Beto, que faz uma crítica ao vazio cultural ocupado pelo Big Brother.

“Os grupos estavam dispostos a se conhecer, mostrar os trabalhos que estão desenvolvendo e abertos à troca de experiências. A vontade de aprender, de produzir a arte e, ao mesmo tempo, de estarem juntos estava explícito em cada um”, afirmou Fabiana, que aprovou a primeira apresentação em grupo dos bolsistas, que assistiu à canção “É preciso saber viver”, de Roberto Carlos, interpretada pela turma da manhã juntamente com o professor de canto coral Diego Nóbrega.

Para Gracyela Gitirana, a primeira experiência dominical foi aprovada. “Teatro nada mais é que a arte do encontro. Fizemos um grande encontro, onde as pessoas estavam dispostas a se conhecer, se olharem e perceber que as turmas já possuem uma identidade, mas há uma identidade ainda maior que é a da ONG Ribeirão Em Cena”, disse Gracyela.

No encerramento do “Aulão”, o professor do Curso Avançado de Teatro (Núcleo de Investigação Teatral – NIT) José Maurício Cagno propôs uma de reflexão dos bolsistas sobre o papel que cada um exerce em cima do palco. Com trabalhos de respiração e mentalização, os bolsistas ‘plantam uma semente no palco que nasce, cresce, germina e gera frutos, folhas e flores’, explica Gracyela.

O “Aulão” abre um novo leque de atividades a serem realizadas nos finais de semana. Segundo a coordenadora Gracyela Gitirana, os professores vão se reunir para debater ideias antes de marcar novos encontros, já esperado entre os bolsistas.

“A entrega foi muito legal. As atividades foram importantes para nos incentivar cada vez mais a estudar teatro. O exercício das cartas mostrou o quanto as pessoas têm dificuldades em se expressar e acaba se abrindo quando escreve. Fabricar o presente, participar da atividade do (professor) José Maurício”, declarou a bolsista Ligia de Barros Bueno, da turma da noite.

Confira mais fotos no blog: http://www.flickr.com/photos/ronymorbi/ ou no site do Ribeirão Em Cena.

segunda-feira, 6 de abril de 2009

Dia Internacional do Teatro


Confira as fotos do ‘Dia Internacional do Teatro’, que contou com a participação dos bolsistas da ONG Ribeirão Em Cena na manifestação nacional. O grupo leu o texto “Carta ao ator”, de Plínio Marcos, em frente a Esplanada do Theatro Pedro II. Na caminhada, do SantelisaVale ao calçadão, os bolsistas entregaram panfletos e conversaram com as pessoas sobre a manifestação e a importância do teatro na cultura da sociedade. A comissão organizadora do manifesto produziu uma lista com reivindicações de incentivo à cultura que foi encaminhada ao presidente Luís Inácio Lula da Silva.

Confira as fotos em: http://picasaweb.google.com.br/ribeiraoemcena/DiaInternacionalDoTeatro#

A delirante provocação de Dario Fo

Crítica de Jefferson Del Rios, para o Estado de São Paulo (03/04/09)

A despedida de um suicida tem sempre algo de sinistro. Em determinada circunstância faz história, como no caso da Carta Testamento de Getúlio Vargas, em 1954, e as proclamações finais dos presidentes chilenos José Manuel Balmaceda (1886-91) e Salvador Allende (1973). É, também, um repositório de dados psicanalíticos; e, surpreendentemente, pode ter algo de tragicomédia, como Nelson Rodrigues demonstrou em Toda Nudez Será Castigada.

Os italianos Dario Fo e Franca Rame, no entanto, tomaram o assunto para uma delirante provocação teatral chamada Uma Giornata Qualunque - aqui traduzida para Um Dia (Quase Igual) aos Outros. Neste enredo, uma mulher resolve deixar ao marido não a velha carta folhetinesca, mas um vídeo antes de cometer o que a crônica policial antiga definia com "tresloucado gesto".

A descontrolada senhora arma-se de uma parafernália eletrônica para registrar em imagens uma lista de cobranças. Evidentemente, sendo Fo e Rame, um casal de artistas críticos, nada vai dar certo. Sobrará, isto sim, uma saraivada de ironias para a paranoia contemporânea, expressa em hábitos de consumo, gestos sociais vazios, alienação, enfim. Os autores recuperam os versos do malicioso samba Jornal da Morte, de Miguel Gustavo: "Tresloucada, seminua/ Jogou-se do oitavo andar/ Porque o noivo não comprava/ Maconha pra ela fumar."

Nossa suicida se mete numa filmagem complicada enquanto atende a telefonemas.

Vai-se divertir. Nesse "dia quase igual", tudo conspira para a quase vítima ser ridicularizada pelo seu despautério. Chegam telefonemas carregados de cotidiano externo normal e imprevistos esdrúxulos para que ela se sinta risível em seus pequenos problemas. Para arrematar o caos, não faltará um assalto absurdo.

A que, afinal leva tudo isso? À banalidade de uma vida sem projeto existencial. A peça é, por esse viés, sutilmente filosófica, freudiana e politicamente anárquica. Típica provocação ideológica de autores que fazem a reinvenção da comédia popular italiana (a commédia dell?arte). Obra de difícil transposição geográfica e, sobretudo, cultural, porque construída com a linguagem italiana das ruas, repleta de invenções dialetais e gírias, tudo em um ritmo circense que pede intérpretes realmente afinados como esse estilo. Por sorte, a tradução e direção ficaram nas mãos de Neyde Veneziano, talvez a maior conhecedora brasileira do teatro da imponente atriz Franca Rama e seu marido, o múltiplo Dário Fo, autor, intérprete, agitador cultural e político (prêmio Nobel de Literatura de 1997). Especialista em teatro musical e de revista, ela conhece a dupla. Esteve com eles na Itália e realizou, na Unicamp, uma tese de doutorado sobre sua arte. Neyde é uma mulher apaixonada pelo que faz, perfeccionista, obstinada e sabe escolher com quem trabalhar. O resultado é uma "comédia para se pensar", absolutamente maluca, que confirma o sábio humorista Barão de Itararé (1895-1971): "O mundo está ficando louco, e eu também."

O espetáculo é conduzido por Débora Duboc, uma das melhores atrizes da sua geração, aqui submetida a um teste bem duro: o de praticamente não ter parceiros com os quais contracenar (exceto a cena dos assaltantes). É quase doloroso para um intérprete, sozinho no palco, ter de se comunicar com vozes, imagens projetadas numa tela, efeitos que desviam sua energia e dão pouco em troca. O desafio é maior quando essas vozes e figuras virtuais são de artistas tarimbados em comédia (Cláudia Mello, Eliana Rocha, Marcelo Médici, Elias Andreatto e Grace Gianoukas, entre outros). Pois Débora se sai bem mesmo com a concorrência de vozes cômicas e aparelhos de som, imagem e luz (que podem até, eventualmente, falhar). Há ainda um solo bem engraçado dos meliantes interpretados pelos ótimos Thiago Adorno e Fernando Fecchio dentro do jargão "mano-periferia".

Não é todo dia que se tem humor sustentado na inteligência. Satirizar fraquezas humanas é uma forma de ajudar os que se atrapalham na vida. Pode-se interpretar esse gesto como solidariedade.

Serviço:
Um Dia (Quase) Igual aos Outros. 70 min. 14 anos. CCBB. R. Álvares Penteado, 112, telefone 3113-3651. 6.ª e sáb., 19h30; dom., 18 h. R$ 15. Até domingo

Fonte: http://www.estadao.com.br/estadaodehoje/20090403/not_imp349224,0.php

Débora Duboc em entrevista para a UOL



Fonte: http://mais.uol.com.br/view/1xu2xa5tnz3h/metropolis--montagem-de-um-dia-quase-igual-aos-outros-04023370D4A17326?types=A&