O encerramento do 3º Fórum Social Regional, sediado em Jaboticabal no último domingo (23), ficou marcado pela homenagem feita ao escritor e frade dominicano Frei Betto, com a apresentação do texto “Reality Show” pelos bolsistas da ONG Ribeirão Em Cena. Autor da crítica ao programa Big Brother, Frei Betto se emocionou, aplaudiu de pé e fez questão de cumprimentar os atores, um a um, após o espetáculo. “Foi o melhor presente de aniversário que eu poderia receber”, disse Frei Betto, que comemora hoje 65 anos.
O texto inspirou a professora e diretora Fabiana Fonseca, que reuniu 18 bolsistas em cena a fim de produzir a montagem. “Foi uma troca muito legal. Fomos presenteados com o texto Reality Show e demos vida a ele. Ensaiamos desde abril e tivemos essa oportunidade de apresentar no Fórum com a presença dele”, afirmou Fabiana.
Assessor de movimentos sociais, o frade dominicano esteve na abertura do Fórum, falou sobre “Desafios às lideranças sociais diante das crises econômicas, política, moral e ecológica”, e participou dos grupos de discussões.
O professor da ONG Júlio Avanci, presente no Fórum, ficou orgulhoso ao ver a participação dos bolsistas. “Fiquei surpreso quando vi os mais de 15 atores finalizando o congresso político. O teatro sintetizou um dia inteiro de debates e palestras através da arte”, disse.
Para os bolsistas, além de interpretar o texto no palco, o dia foi bastante produtivo. “Foi gratificante. Passei a admirá-lo ainda mais depois da palestra. Levo comigo duas dedicatórias nos livros que comprei. ‘Muita fome de justiça’ e ‘A dor pode ser transformado em amor’”, relembra a bolsista Ligia Bueno.
Frei Betto
Carlos Alberto Libânio Christo, conhecido como Frei Betto, nasceu em 25 de agosto de 1944 em Belo Horizonte-MG. Escritor e religioso dominicano brasileiro, Frei Betto é filho do jornalista Antônio Carlos Vieira Christo e da escritora e culinarista Stella Libânio. Professou na Ordem Dominicana, em 10 de fevereiro de 1966, em São Paulo.
Adepto da Teologia da Libertação, é militante de movimentos pastorais e sociais, tendo ocupado a função de assessor especial de Luiz Inácio Lula da Silva, Presidente da República, entre 2003 e 2004. Foi coordenador de Mobilização Social do programa Fome Zero. Além de amigo pessoal de Luís Inácio Lula da Silva e de Leonardo Boff, é padrinho da filha de Chico Buarque e do filho do deputado Vicentinho, ex-presidente da CUT.
Esteve preso por duas vezes sob a ditadura militar: em 1964, por 15 dias; e entre 1969-1973. Após cumprir quatro anos de prisão, teve sua sentença reduzida pelo STF para 2 anos.
Sua experiência na prisão está relatada no livro Batismo de Sangue, traduzido na França e na Itália. O livro descreve os bastidores do regime militar, a participação dos frades dominicanos na resistência à ditadura, a morte de Carlos Marighella e as torturas sofridas por Frei Tito. O livro foi transposto para o cinema em filme homônimo, lançado em 2006 e dirigido por Helvecio Ratton.
Recebeu vários prêmios por sua atuação em prol dos direitos humanos e a favor dos movimentos populares. Assessorou vários governos socialistas, em especial Cuba, nas relações Igreja Católica-Estado.